Foto: Reprodução |
No fim dos
anos 50, um professor de filosofia chamava atenção na Universidade de Jabalpur,
na Índia. As aulas do barbudo de gorro e óculos escuros, sempre lotadas, eram
as únicas em que homens e mulheres podiam sentar-se juntos e debater livremente
– apenas mais uma das controvérsias do homem que se definiu como “um místico
espiritualmente incorreto”.
Chandra
Mohan Jain, ou simplesmente Osho, causava polêmica principalmente com seus
ataques às religiões tradicionais. Pregando a busca da liberdade através da
meditação, ele conquistou uma geração de pessoas que buscava a espiritualidade
sem ter de se comprometer com antigas crenças. Mas o movimento que ele criou
assumiu todos os contornos de uma nova religião, como a busca pelo divino,
seguidores, rituais, doutrinas e até mesmo escrituras – mais de 600 livros que
são best sellers internacionais, traduzidos em 55 idiomas.
“Não
existe homem mais cabeça-dura que o papa, o Polaco”, disse sobre João Paulo 2º
durante uma entrevista de 1985, publicada em 6 volumes no livro O Último
Testamento. O Polaco, como sempre chamava o então chefe da Igreja Católica, era
um dos alvos favoritos de Osho: “O mundo está superpovoado e ele continua
pregando contra o controle de natalidade, a pílula e o aborto”. Seus livros,
editados a partir de palestras e entrevistas, oferecem novas interpretações de
livros sagrados, líderes religiosos e sistemas políticos. O objetivo era
discutir a importância da liberdade, do autoconhecimento e da relação do homem
com ele mesmo e com o planeta – a busca por um novo homem.
“A
abordagem de Osho traz elementos religiosos, especialmente no sentido de que o
ser humano tem a capacidade de se iluminar e pode desenvolver seu potencial
inerente”, explica o professor de teologia da PUC-SP Frank Usarski.